segunda-feira, 17 de março de 2008

As condições do amor na homossexualidade feminina

A priori a psicanálise não tem nenhum preconceito a favor nem contra o amor das mulheres homossexuais.Cabe a cada sujeito ver o que lhe vale como amor ou não. É preciso distinguir a homossexualidade do que se pode chamar o amor homossexual de conjuntura para um sujeito neurótico histérico, que, de fato, não vale para ele e não é muito duradouro. Às vezes, é mais uma forma de continuar ligada ao amor da mãe, de estar amando uma companheira com a qual se repete o que foi a relação amorosa e a demanda de amor à mãe. Isto não é a verdadeira homossexualidade. O amor homossexual é um amor feminino, não é um amor neurótico, não é um amor histérico, é um amor louco também. O amor homossexual, se se aproxima da perversão, é na medida em que a homossexual quer, com seu amor fazer existir o gozo d’A Mulher. Portanto é um amor no qual ela se apresenta como superior ao homem, como aquela que saberia fazer gozar a uma mulher e que denuncia e desafia a insuficiência do fálico. O amor homossexual é o que situa a face deus do gozo feminino, é um amor que diviniza a mulher. Daí ter essa dimensão de culto, de adoração, com o que se aproxima da perversão, no sentido de fazer-se o agente, o instrumento do gozo absoluto do Outro. Essa seria a parte perversa, não como perversão moral, mas no sentido psicanalítico de quem sabe fazer gozar o Outro e que desafia e demonstra que os homens não são os que realmente se aproximam do gozo feminino, porque têm o limite fálico.
(Carmem Gallano, La Alteridade Feminina, pág 30, Asociacion de Foro del Campo Lacaniano de Medellín,2004)
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